terça-feira, 27 de julho de 2010
POLÍTICA: A ESTATÍSTICA A SERVIÇO DO PODER
Por que diferenças tão grandes entre as pesquisas para presidente do Datafolha e do Vox Populi?
Para entender esse enigma, o primeiro passo é constatar que há meses, tanto no Vox Populi quanto no Datafolha não houve mudanças significativas nos dados. Em um, Dilma está na frente, em outro Dilma e Serra estão empatados. Mas em ambos os resultados estão inalterados.
Significa que os dois institutos estão medindo o mesmo fenômeno. A diferença está no universo pesquisado.
Para João Francisco Meira Filho, diretor do Vox Populi, provavelmente o universo do Datafolha é mais restrito, como se fosse um sub-universo do Vox Populi – e de outros institutos.
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rença reside na metodologia adotada por cada Instituto. O Vox Populi (e os demais) analisam os dados do IBGE e montam uma amostra que reproduza o perfil do eleitorado brasileiro. Definem o percentual de pesquisas de acordo com idade, sexo, escolaridade, região etc.
Seus pesquisadores recebem ordens detalhadas: vá até a cidade tal, na rua tal, conte as casas até seis, entre na sexta e preencha o questionário. Depois, escolhe-se determinado número de questionários para fiscalizar se o pesquisador atuou corretamente. Em suma, é um modelo que busca repetir com precisão o universo populacional medido pelo IBGE e mantém estrito controle sobre a qualidade dos pesquisadores e dos questionários.
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Por questão de economia e rapidez, o Datafolha optou pelo sistema de ponto de fluxo. Os pesquisadores vão às cidades a serem pesquisadas, escolhem os pontos de aglomeração que quiserem e pesquisam aleatoriamente. A metodologia do Datafolha pressupõe que, agindo aleatoriamente, se chegará ao perfil da população brasileira.
Pontos de aglomeração são metrôs, shoppings, estações rodoviárias, praças etc. Em geral, pessoas de menor renda, menor alfabetização, têm índices menores de sociabilidade. E acabam não freqüentando locais públicos.
Mais que isso: não pega a população rural. Segundo o Vox Populi, a população rural representa 16% do eleitorado. Nela, Dilma Roussef tem vencido por ampla margem, 50 a 25%. Só nesse universo, a diferença a favor de Dilma representa 4 pontos percentuais dentro do universo total de eleitores, que não são medidos pelo Datafolha.
O mesmo ocorre no corte dos entrevistados sem e com telefone. Medindo apenas os com telefone, os dados do Vox são similares aos do Datafolha. Juntando os dois, dá a diferença.
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Nenhuma teoria conspiratória: o instituto não sabe fazer de outro modo. Sempre foi assim.
Essas vulnerabilidades metodológicas não apareceram tanto em outras eleições, porque a imagem de Lula era muito forte para toda a população. Nessa eleição, existe a chamada assimetria de informação: classes de menor renda têm menos informações sobre Dilma Rousseff e as eleições do que classes de maior renda.
Além disso, a pesquisa Datafolha reforça essa falta de informação ao excluir um atalho informacional importante: o partido a que pertence cada candidato.
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Segundo João Francisco, essa confusão toda acabará na segunda semana de agosto. Aí, já terá começado o horário eleitoral, o país será submetido a uma torrente de informações, o conhecimento se uniformizará e os dados do Datafolha acabarão convergindo para os de outros institutos - embora com muito atraso.
*Matéria originalmente publicada no site do Luis Nassif
segunda-feira, 26 de julho de 2010
PENSAMENTOS (3)
O que está acontecendo com nossa sociedade? Por qual motivo estamos vivendo em uma sociedade com inversão de valores? Porque o querer, o desejo, é mais importante que o direito de vida, que o direito de ir e vir, o direito de se proteger, enfim, o direito de ter direito?
Exponho nessas poquíssimas linhas o meu repúdio, a minha indignação perante essa ataraxia social - expressão que me veio à mente pelo fato de inércia à violência que nos rodeia. E essa doença atinge todo o sistema em vários níveis: a política, a educação, o consumo, a economia, a família, a segurança etc. Bem recentemente, assitimos, mais uma vez, a uma triste cena em que um pai perdeu um filho por conta de mal pensada ação de um soldado da polícia militar do Ceará. Triste fato! Mais uma cena dentre centenas que ouvimos falar, assistimos ou, até mesmo, presenciamos. E o pior, o que deixa qualquer cidadão de bem enfurecido e inconformado, é a impunidade! Vi numa reportagem de um telejornal local que, ao ser entrevistada, uma traseunte afirmou, em tom áspero em sua voz, que o Brasil possui um rande problema em suas leis. Não é verdade! O problema aqui não está em leis, ou ausência dela. E sim, em sua fiscalização! Não há quem fiscalize, quem ordene, quem lidere...de forma ímpia, proba, justa, imparcial, decente.
Eis a palavra, senhores, decência. É o que falta a essas esferas judicial, legislativa e executiva brasileira. E nós, o povão, vamos sobrevivendo em meio a um campo nazista generalizado; nos quais os seus soldados são representados pelo poder de polícia ostensivo do Estado e os judeus, o povo brasileiro! Somos os martelos do Pink Floyd, os funcionários na indústria de Chaplin, os moradores de Lost e da Matrix. O nosso papel é só isso: sofrer. De qualquer forma, em qualquer lugar e a qualquer tempo...sofrer, sofrer, sofrer!
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